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terça-feira, 20 de novembro de 2012

.Aos imorais


Triste do homem de tão atroz sorte,
Que em colarinhos se vestem,
Ironizam Deus, ironizam a morte.
Mas que morte haverá de ser tua glória?
Apenas um bandeira cobrindo teu ataúde,
Num prédio de paredes limpas
Pela sujeira estar em suspensão,
Ou dentro de suas podres cabeças,
Que ornamentam um corpo robusto
Num alma ridiculamente esquelética.
Pobres homens que se iludem com a sorte,
Gritem bem alto que são imortais,
Que são sempre notícias ridículas
De manchetes de jornais. Gritem.
Gritem que são honestos. Gritem.
Gritem que são dignos, honestos e inocentes,
Que não herdaram migalhas nem restos
E assim se façam homens verdadeiros,
Não sangue-sugas famintas, sedentas
De sangue de um povo em cativeiro.
Vivam nos seus belos e modernos palácios
Que escondem suas ideias medievais,
Ou banais? Ou amorais? Ou imorais?
Pisem o povo, esse mesmo povo
Que lhes cobre a mesa de manjares
E neles engulam o coração da criança pobre.
Engulam os seios da mulher morta
Nas filas de hospitais matadouros.
Engulam o soluço do pai, que miserável,
Não pode dar pão aos filhos.
Engulam suas próprias consciências,
Que talvez até já tenham sido engolidas
Pelos seus próprios demônios.
Ou então locupletem-se com dígitos
De máquinas inchadas ou emprenhadas
Pela imposição da fome,
Pelo cabresto, pela ameaça, pela água
...Seus filhos de tantos outros pais.



José João 

20/11/2.012

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