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sábado, 26 de janeiro de 2013

Nosso pecado



- Que se passa? De onde vens com esse olhar de loucura
E esse desespero na voz? Com essa vontade de ir,
De correr, sem parar, sem saber pra onde vai? 
De onde foges alucinado, de que queres te afastar?
- Do passado. Esse fantasma que sofregamente,
Até o futuro quer engolir, voraz, faminto... 
A fazer-se noite escura engolindo os hojes e amanhãs.
- Por que fizeste de teu passado um fantasma?
Todos o dias eram teus, as vontades eram tuas.
Se sonhaste, até os sonhos eram teus...
Por que não escreveste teu passado em versos?
Desses que se pode apagar se não cabe na poesia?
- Escrevi o passado em versos, fiz poesia 
Das minhas vontades, só que a tinta era vermelha,
Dessas que nos enche os olhos e a alma...
Dessas que transbordam os sentidos e vão,
Além do bem, além do mal,  além da razão.
- Os outros não existiam?
- Não. Eram todos tão pequenos, tão nada...
Eram todos tão...poucos.
Eram frases perdidas, sombras deitadas, passivas
À minha vontade, sempre fui mais, muito mais
Que todos. Quem eram os outros? Quem eram?
Pra mim? Seres descartáveis, pretenciosos,
Vaidosamente se achando importantes, imbecis...
Se achando até gente! Pedaços sem forma
Amorfos, de almas perdidas, caídas sabe-se de onde.
- E tu? És diferente?
- É exatamente daí que vem o meu medo, percebi
Que não sou nada mais que eles, sou tão vil quanto.
Como eles, carrego também nas costas,
A morte de um justo, veja o sangue em nossas mãos.

José João
26/01/2.013



Um comentário:

  1. Um poema/pensamento muito profundi e reflexivo... com verdades que incomoda...Adorei!

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